Os dias passaram rápidos na adorada Songkla, Tailândia. Tudo muito na paz, somente uma pequena manifestação contra o governo que abalou um pouco os ares tranquilos deste lugar, no mais, um ambiente gostoso e festivo ocasionado pela chegada do ano novo chinês… O ano do cavalo, segundo a tradição, se faz presente desde o dia 29 de janeiro.
Qual melhor lugar para se presenciar essa passagem que num colorido bairro chinês. Onde, enfeites – vermelhos – bandeirinhas, incensos e templos a esplandecer. Tudo preparado para o grande acontecimento que se mantém por semanas. Os adornos e fogueiras na entrada de cada comércio se sucedem sem tréguas. Todos os rituais possíveis se colocam em prática nestas datas em nome de chamar a boa sorte.
Depois de nove dias era hora de partir, nosso destino é chegar a Kuala Lampur, Malásia para pegarmos um vôo com destino à Indonésia. Deixar nosso aconchegante hotelzinho, o qual passou por uma reforma, e já têm luxos inesperados como ar condicionado e água quente nos chuveiros. Porém, o sempre marcante encontro com pessoas diferenciadas, as quais podemos papear por longas horas, trocar experiências. Pessoas de várias nacionalidades, não turistas, e sim professores, trabalhadores de diversas áreas e de países como Uganda, Filipinas, África do Sul, etc.
O trajeto, conhecemos muito bem, e já preparados para alguns incômodos. Na manhã do dia 1 de fevereiro partimos direção à fronteira com a Malásia em Padang Besar, talvez o trecho, ainda que curto, mais complicado na atualidade, pois os transportes, sem aparente explicação não tem mais horários e se tornaram algo a esperar por horas. – 75 km até a fronteira, e várias trocas de condução. – Tudo está mudando nesta parte da Tailândia, dizem que a questão dos transportes se dá pela entrada dos novos ônibus que vão a circular. As vans, e pequenas caminhonetes com bancos de madeira na parte de traz estão com seus dias contados. Ainda que incômodos, era o algo pitoresco desta região.
Foi um dia terrível, chegamos somente no final da tarde a Padang Besar, sem dificuldades para encontrar nosso hotelzinho, o qual fomos recebidos de braços abertos pelo proprietário e com aquele desconto especial para nós.
No dia 2 de fevereiro era momento de cruzar, sem problemas nos tramites para entrar a Malásia, porém até conseguir entrar neste país e sair da Tailândia foi um caos. Era o dia da eleição na Tailândia; avisos por todos os lados para não chegar próximo de alguns locais (perigo de bombas), a oposição tentando perturbar os locais das eleições dizendo que eram fraudulentas, policia e exército fortemente armados por todas as partes… Enfim: Tailândia está sendo destroçada. Um país que está vendo o turismo cair de forma vertiginosa e que tinha por encanto a tranquilidade…
Mais transportes até chegar a Kuala Lumpur, a qual, por fim, estávamos no dia seguinte já instalados no hotel que já conhecemos e tem também preços especiais para nós. Também encontramos, depois de dois anos, a Pater e Claudia, um casal de amigos que juntos voaremos a Indonésia para passarmos dois meses.
Como nada é perfeito, reorganizando as coisas para a partida me dou conta que, não posso precisar onde, nem por quem, fomos roubados em 100 Euros e 160 dólares US, o que para nós representam muitíssimo. É a segunda vez que isso ocorre em anos viajando. E a amarga sensação de que um fdp quebrou a nossa confiança na humanidade. Isso é um dos piores sentimentos que pode ter um ser humano. Sentir que alguém entrou em sua habitação, revira suas coisas, que estão vulnerando a sua intimidade é doloroso.
Ainda que seja difícil, prefiro ter na minha mente que somos ajudados por muitas pessoas, em sua maioria pessoas que carecem do mínimo para viver. Sim, podemos assegurar que as pessoas que nos roubaram em ambas as ocasiões não são pessoas necessitadas, e sim pessoas que não respeitam absolutamente nada. Porém, o pior roubo seria permitir que isso acabasse com meus sonhos, meu crer na humanidade, no que ainda tenho para viver. Seria dar minha cabeça a forca.
Trataremos de ser mais cuidadosos…
Quando se está continuamente no caminho, nem sempre resulta fácil suportar essa tensão de ter que controlar tudo. Assim sendo, e por experiência, mesmo nestes momentos, no instante que percebi o roubo, o desespero por saber que poderemos ter muitas mais dificuldades pela falta daquele dinheiro, não posso deixar a guardar baixar. Não quero deixar de pensar que há demasiadas coisas boas ao nosso arredor, para que com raiva possa ignorá-las, de forma que não há alternativa a não ser colocar a tristeza de lado e voltar a gozar cada minuto da vida. Aprendemos que não há tempo a perder com lamentações…